O termo cristão tem sua origem em Antioquia (atualmente na Turquia) e tornou-se de uso comum bem cedo. Já aparece desde o livro dos Atos dos Apóstolos e originalmente era, com toda probabilidade, um apelido depreciativo.
A expressão “cristianismo de Jesus e o dos cristãos”
encontra-se no documento formulado para o Ano da Misericórdia chamado Os Padres
da Igreja e a Misericórdia. Porém algo me inquietou: nossa ideia de
cristianismo seria a mesma praticada e entendida pelo próprio Jesus Cristo? Ou
haveria motivos para uma devida distinção?
O cristianismo ao longo dos séculos foi presentado com três
grandes pilares: Sagradas Escrituras, Tradição e Magistério da Igreja. A partir
disso, é que entendemos a essência do ser cristão e colocamos em prática
diversas coisas que nos assemelham ao nome que nos é dado em nosso Batismo:
cristão.
Essa é uma ótica interessante de vivenciar o cristianismo,
porém um elemento ainda nos assombra, responder a questões do tipo: como o
próprio Cristo veria hoje o mundo? Como veria o atual cristianismo? Obviamente estamos
aqui trabalhando no campo das hipóteses, contudo, ser cristão é verdadeiramente
ser provocado a sair de uma determinada zona de conforto e combater o bom
combate, guardar a fé (Cf. 2Tm 4, 7).
Jesus é fundador de um movimento que iria revolucionar o
mundo, eis a beleza do cristianismo. Mas, em nossa condição de pecadores,
devemos admitir que é, de fato, o próprio Cristo o primeiro, maior e mais
verdadeiro cristão. Somos seus seguidores, carregamos este selo em nós que
guardamos como que em “potes de barro”; nisso, Cristo nos fortifica e nos torna
capazes de honrar o nome de cristãos.
Como ao olhar para os mártires não sentiríamos orgulho e
edificação na fé desses homens e mulheres que doaram sua vida por Cristo? Como
assistirmos praticamente todos os dias os degolamentos de inúmeros cristãos
pelo mundo sem darmos conta de que tais criaturas morrem por apenas não negarem
o nome de cristãos?
Cristo é a nossa escola da fé para nos tornarmos a cada dia
melhores cristãos e, os exemplos que ao longo da História da Igreja e
cotidianamente temos nos reafirma o caminho que nos tornará “novos cristos” na
terra.
Em suma, as Sagradas Escrituras, a Tradição Apostólica e o
Magistério da Igreja, alicerçado pelo testemunho dos santos é para nós hoje
continuidade das ações e do pensamento do próprio Jesus Cristo. Aquilo que nos
permite ousarmos nos chamar de cristãos.
Frei Walter Benício da Silva, OFMCap.
(Religioso da instituição Católica dos Frades Menores Capuchinhos e
formado em Filosofia)